domingo, 28 de setembro de 2008

Princípios Norteadores

Já que o lugar ocupado por um grupo não é como um quadro negro sobre o qual escrevemos, depois apagamos os números e figuras, se faz necessário e ético falar da construção da Etu Coquem Produções.

Constituímos uma empresa que nasceu por conta do debate freqüente das questões referentes a cultura de matriz afro-brasileira, constitui um espaço genitor e gerador de propostas e questionamentos sobre uma produção cultural complexa, de difícil definição, mais difícil ainda seu compartilhamento com limites definidos e delimitados.

As culturas afro-brasileiras, historicamente, sofreram por redutivismos. O tempo, os preconceitos e as necessidades do capital fizeram com que as especificidades desta cultura fossem sobrepostas por definições culturais hegemônicas.

Neste sentido, não buscamos uma separação no debate das culturas, do mercado, mas sim indicar e qualificar neste debate as particularidades das identidades ético-raciais afro-brasileiras.

Nas generalizações esquecemos a importância dos fundadores. O pertencimento étnico-racial negro fica diluído. Por isso, ETU, pássaro mitológico ancestral africano. A primeira iniciada, que teve suas penas negras pintadas com pontinhos brancos, vermelhos e azuis, ganhou uma coroa foi chamada desde então de COQUEM. Neste dinamismo, ciscou e bateu, bateu suas assas em um montinho bem pequeno de terra até transformá-la na Terra, que pisamos até hoje.

A etnicidade não é vazia de conteúdo cultural, mas ela nunca é também a simples expressão de uma cultura já pronta. Ela implica sempre em um processo de seleção de traços culturais dos quais os atores se apoderam para transformá-los em critérios de identificação com um grupo étnico. Se neste processo forem esquecidas as identidades afro-brasileiras, o tempo e o espaço fará com que as generalizações subjuguem nossas identidades.

Nos orientamos em uma produção cultural afro-brasileira qualificada, com sentidos para os signos e símbolos com uma áurea de filiação. A dança, a música, o canto, as artes plásticas e visuais, sempre juntas.

Na co-relação entre o tempo e o espaço, continuidade e ruptura, tradição e modernidade, sem hiatos, é que queremos debater, fomentar, propor, promover as questões e contribuições das culturas afro-brasileiras em um debate mais amplo, o da cultura.

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